Miquéias 7:5 – Há quem possamos chamar de amigos?

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Descrição

“Não confieis nos amigos, nem vos fieis em príncipes; daquela que repousa em teu colo guarda as portas de tua boca” (Miqueias 7.5, ARA).

Miqueias 7.5 foi tema de uma pregação que ministrei, se a memória não me falha, na Igreja Congregacional de Ricardo de Albuquerque. Naquela noite, presenciei, espantado, a reação das pessoas. Havia um silêncio pesado, como se a palavra tivesse acendido uma luz sobre algo que muitos fingiam não enxergar. A mensagem soou ao mesmo tempo contemporânea e profundamente histórica, e isso provocou choque, inquietação e lágrimas.

Fiz então uma pequena viagem no tempo. Cruzei dados, entrelacei sociedades antigas e atuais, escavei contextos culturais, militares e sociais para que o texto ficasse vivo diante dos olhos da congregação.

Quis mostrar como Miqueias chegou a descrever, com palavras tão cortantes, o capítulo sete verso cinco. Em uma hora de mensagem trabalhei com cuidado e precisão, expondo as evidências que a história e a arqueologia oferecem, mas sempre voltando para a pergunta que transforma tudo em prática pastoral: podemos confiar em todos aqueles que nos chamam de amigos?

Recordo que essa pregação ocorreu nos anos 2000, quase 25 anos atrás. Eu era jovem, ainda novato como pastor, com as mãos tremendo e o coração pesado pela responsabilidade de falar ao povo.

Hoje entendo melhor o que sentia naquela noite. Não era apenas o peso da mensagem, era a urgência da verdade. Com a degradação moral da sociedade, cristã ou não, essa pergunta ganha densidade. A resposta pode explodir em dramaticidade, causando aflição e angústia quando percebemos que a confiança, tantas vezes, foi depositada em pessoas que a traíram.

Pense bem antes de responder. Não se trata de cultivar desconfiança permanente, mas de aprender a discernir. A palavra de Deus nos chama a amar, a perdoar e a formar comunidades de fidelidade. Ao mesmo tempo, nos alerta para os limites do coração humano e para a necessidade de ancorar nossa segurança em Cristo, não em homens. A pergunta que lancei no púlpito não buscava alimentar o medo, mas provocar reflexão, arrependimento e vigilância espiritual.

Foi nesse clima que escrevi Miqueias 7.5 em 2010. Quinze anos depois, chega às suas mãos uma edição revista, atualizada e expandida. Não se trata apenas de repetir verdades que já foram ditas. Trata-se de aprofundar, de trazer testemunhos, perguntas para grupos de estudo e orientações pastorais que transformem teoria em prática.

Diferente de outros livros que já escrevi, e eu diria até muito diferente, esta obra nasce com uma proposta mais profunda e ousada. Aqui não vou apenas pontuar minhas análises ou levantar interpretações rápidas. A meta é mergulhar em camadas mais densas da história, para compreender o texto bíblico de Miqueias dentro de um triplo cenário: cultural, militar e cristão.

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